O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição do neurodesenvolvimento que afeta a forma como uma pessoa se comunica, se relaciona socialmente e responde ao mundo ao seu redor. Dentro do espectro, existem diferentes níveis de suporte definidos pelo DSM-5-TR, o manual de referência internacional em saúde mental. Neste conteúdo, vamos explorar com clareza o que significa ter autismo nível 1, também conhecido popularmente como “autismo leve”, quais os sinais, como é feito o diagnóstico e qual o tipo de acompanhamento ideal.
Se você está em busca de informações para ajudar seu filho, filha ou familiar a receber o cuidado adequado, siga com a leitura. Ao final, explicamos como a equipe da Clínica Formare, em São Paulo, pode ajudar.
O que é autismo nível 1?
O autismo nível 1 é o grau mais leve entre os três níveis de suporte estabelecidos pelo DSM-5-TR. Pessoas com esse nível de suporte apresentam dificuldades na interação social, comunicação e comportamento, mas essas dificuldades geralmente são mais sutis do que nos níveis 2 e 3. Ainda assim, elas podem impactar significativamente a vida cotidiana e o bem-estar da pessoa, especialmente em situações novas, sociais ou que exijam flexibilidade.
Por se tratar de um espectro, o autismo nível 1 pode se manifestar de formas diferentes em cada pessoa. Algumas podem parecer apenas “tímidas” ou “reservadas” aos olhos de quem não conhece os sinais. Por isso, o diagnóstico pode ser mais difícil e, muitas vezes, tardio.
Importante: expressões como “autismo leve”, “grau leve” ou “autismo de alto funcionamento” são populares, mas não fazem parte da nomenclatura atual do DSM-5-TR. O termo correto hoje é “autismo nível 1 de suporte”, e ele se refere ao grau de suporte necessário — e não à gravidade ou inteligência da pessoa.
Características do autismo nível 1
Pessoas com TEA nível 1 de suporte geralmente:
- Conseguem falar e usar a linguagem de forma funcional, mas têm dificuldades com a comunicação social recíproca;
- Possuem interesses restritos ou altamente focados (por exemplo, um tema específico que domina suas conversas);
- Apresentam comportamentos repetitivos (movimentos com as mãos, organização rígida de objetos);
- Têm dificuldades com mudanças na rotina ou transições inesperadas;
- Podem ter hipersensibilidade (ou hipossensibilidade) sensorial a sons, luzes, texturas ou cheiros.
Abaixo, explicamos melhor cada um desses pontos.
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Dificuldades na comunicação social
Mesmo se comunicando oralmente, muitas pessoas com autismo nível 1 de suporte enfrentam barreiras para manter conversas espontâneas, interpretar sinais sociais (como expressões faciais, tom de voz e gestos) ou compreender as regras implícitas da convivência. Podem parecer diretas demais, falar apenas sobre seus interesses ou ter dificuldade em compreender metáforas e ironias.
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Comportamentos repetitivos e interesses restritos
Outra característica comum são os padrões de comportamento restritos, que incluem movimentos repetitivos, apego a rotinas rígidas e grande interesse por determinados temas. Esses comportamentos oferecem previsibilidade e segurança, especialmente em ambientes que causam sobrecarga sensorial ou social.
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Resistência à mudança
Mudanças no trajeto habitual, no horário das refeições ou no lugar onde senta à mesa podem gerar incômodo real para a pessoa com TEA nível 1 de suporte. Essa resistência pode se manifestar como irritação, ansiedade, crises de comportamento ou simplesmente recusa.
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Sensibilidades sensoriais
Luzes fortes, barulhos altos, cheiros intensos ou etiquetas de roupa incômodas podem causar reações intensas. Em outros casos, a pessoa pode buscar estímulos específicos (como tocar repetidamente uma textura ou assistir a vídeos com o mesmo som). Esse padrão é conhecido como disfunção do processamento sensorial.
Como saber se é autismo nível 1?
O diagnóstico do TEA, em qualquer nível, deve ser realizado por uma equipe interdisciplinar, com base em critérios do DSM-5-TR. Como os sinais do autismo nível 1 de suporte são menos visíveis, é comum que ele seja confundido com timidez, TDAH ou transtornos de ansiedade. No entanto, com uma avaliação clínica completa, é possível identificar o perfil e o nível de suporte necessário.
Entre os profissionais que podem estar envolvidos no processo diagnóstico estão:
- Psicólogo(a): avalia aspectos cognitivos, emocionais e habilidades sociais, identificando potenciais e necessidades.
- Fonoaudiólogo(a): avalia a comunicação verbal e não verbal, incluindo compreensão, expressão e uso funcional da linguagem.
- Terapeuta ocupacional: analisa o perfil sensorial, a coordenação motora e as habilidades necessárias para a autonomia e independência no dia a dia.
- Neuropediatra ou psiquiatra infantil: integra os dados das avaliações, realiza exames complementares quando necessário e estabelece o diagnóstico clínico.
Quer entender melhor as diferenças entre os graus de suporte? Acesse nosso conteúdo completo sobre os níveis de autismo.
Diferença entre TDAH e autismo nível 1
Uma dúvida muito comum entre pais e responsáveis é se existe diferença entre TDAH e autismo nível 1. Apesar de algumas semelhanças, como dificuldade de concentração, impulsividade e problemas sociais, são condições distintas.
Enquanto o TDAH está ligado à autorregulação da atenção e do comportamento, o autismo envolve uma diferença mais ampla no processamento social, emocional e sensorial. Porém, as duas condições podem coexistir em uma mesma pessoa, o que torna o diagnóstico e o plano terapêutico ainda mais importantes.
Sinais de autismo nível 1 em crianças
Os primeiros sinais do autismo nível 1 de suporte podem surgir já nos primeiros anos de vida, mas muitas vezes passam despercebidos. Veja alguns pontos de atenção:
- Pouco contato visual ou dificuldade em manter;
- Atrasos na fala ou uso atípico da linguagem (fala robótica, ecolalias);
- Falta de interesse em brincadeiras compartilhadas;
- Reações exageradas a estímulos (sons, cheiros, texturas);
- Interesses restritos e comportamentos repetitivos.
Em idade escolar, a criança pode ter dificuldades de socialização, evitar interações com os colegas ou apresentar comportamentos “peculiares” que geram isolamento ou bullying.
Intervenções para autismo nível 1
Mesmo que o grau seja leve, o suporte adequado pode fazer toda a diferença no desenvolvimento da criança e na qualidade de vida da família.
As principais abordagens incluem:
- ABA (Análise do Comportamento Aplicada): abordagem científica, validada por evidências, que utiliza estratégias estruturadas e naturalísticas para desenvolver habilidades e reduzir comportamentos que dificultam o aprendizado e a participação social.
Fonoaudiologia: favorece o desenvolvimento da linguagem funcional, da comunicação social e da capacidade de compreender e expressar emoções.
Terapia ocupacional: contribui para o processamento sensorial, a construção da autonomia e da independência no desempenho de atividades cotidianas.
Vale lembrar que estes são apenas alguns exemplos, pois o escopo de atuação de cada área é muito mais amplo e adaptado às necessidades individuais de cada pessoa.
Em alguns casos, medicamentos podem ser indicados para controlar sintomas como ansiedade, impulsividade ou irritabilidade, sempre com acompanhamento médico.
Leia também sobre autismo nível 2 e autismo nível 3!
A importância da intervenção precoce
Quanto mais cedo a criança for avaliada e começar a receber suporte, melhores serão os resultados. O desenvolvimento de habilidades sociais, emocionais e cognitivas pode ser significativamente potencializado com o apoio correto.
Quer saber mais sobre o Transtorno do Espectro Autista, suas causas, sinais e importância do diagnóstico precoce? Acesse nosso conteúdo completo sobre o autismo e aprofunde seus conhecimentos.
Na Clínica Formare, realizamos avaliações completas padrão ouro, com embasamento cientifico, e desenvolvemos um plano terapêutico individualizado, respeitando as necessidades, preferências e o ritmo de cada pessoa.
O autismo nível 1 de suporte pode parecer invisível aos olhos de quem não conhece os sinais. Mas, para a pessoa que vive com ele – e para sua família – reconhecer o diagnóstico e ter acesso a um acompanhamento adequado é transformador.
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