Blog da Formare
Autonomia e Independência: Pilares de Desenvolvimento na Clínica Formare
Na Clínica Formare, a produção de autonomia é um dos nossos principais objetivos e pilares de tratamento. Mas o que realmente significa produzir autonomia, especialmente no contexto de pessoas com condições neurodivergentes como autismo, TDAH, ou deficiências intelectuais? Muitos confundem ser independente com ser autônomo. No entanto, ser independente—capaz de realizar tarefas diárias sem ajuda—não necessariamente implica em ter a capacidade de se autogerir completamente. Neste post, exploramos a diferença crucial entre independência e autonomia e discutimos como a Clínica Formare aborda a promoção de ambos para enriquecer a vida de nossos clientes.
O que é Independência?
Independência é a capacidade de realizar tarefas do dia a dia sem auxílio externo. Essas atividades abrangem essenciais rotinas de autocuidado como banhar-se, vestir-se, alimentar-se e gerenciar atividades cotidianas básicas, como dormir e locomover-se de um lugar para outro. O conceito de independência é fundamental, pois sublinha a habilidade de uma pessoa de cuidar de suas necessidades físicas básicas sem dependência direta de outros.
Desde o nascimento, todos nós somos dependentes de cuidadores para sobreviver. À medida que as crianças crescem e se desenvolvem, elas começam a adquirir as habilidades que gradualmente moldam sua independência. Esse processo de maturação envolve não apenas o aprendizado de habilidades físicas e cognitivas, mas também a incorporação de rotinas diárias que são essenciais para a vida independente.
A independência adquirida tem um impacto significativo no desenvolvimento pessoal e social. Ela não só capacita o indivíduo a gerenciar sua vida diária com mais eficácia, mas também estabelece uma base sólida para o desenvolvimento de relações interpessoais e para a participação em comunidades. À medida que as crianças amadurecem em adultos, essas habilidades de independência permitem-lhes navegar e gerir sua vida cotidiana, mesmo na ausência de suporte imediato.
A Profundidade da Autonomia:
Autonomia vai além da independência. Uma pessoa autônoma tem a capacidade de tomar decisões próprias sobre sua vida, gerenciando suas atividades e escolhendo livremente como, quando, e com quem executá-las. A autonomia envolve uma camada adicional de liberdade e responsabilidade—é o poder de governar a si mesmo e fazer escolhas conscientes, mesmo que isso implique em enfrentar as consequências dessas escolhas.
Exemplo Prático:
Vamos ilustrar a distinção entre independência e autonomia por meio de uma situação cotidiana: o ritual matinal. Uma pessoa independente executa uma série de atividades matinais de forma quase automática. Ela acorda no primeiro toque do despertador, toma banho seguindo uma sequência rigorosa de passos, escova os dentes meticulosamente, prepara e consome seu café da manhã habitual e veste-se com o primeiro conjunto de roupas que encontra disponível, antes de sair para o trabalho ou escola. Esta rotina, embora eficiente, é executada sem desvios significativos ou reflexões pessoais sobre as escolhas feitas.
Por outro lado, a autonomia introduz uma camada adicional de liberdade e escolha pessoal nas mesmas situações cotidianas. Uma pessoa autônoma, enfrentando o mesmo cenário matinal, exerce a liberdade de escolher cada aspecto de sua rotina. Pode decidir desativar o despertador e dormir um pouco mais, avaliando as consequências dessa escolha no restante do seu dia. Pode optar por uma atividade física leve ao invés do café da manhã, ou escolher um café mais nutritivo baseado em seu estado de saúde ou objetivos de fitness. Durante o banho, pode variar a temperatura da água conforme seu humor ou necessidades físicas do dia, e a escolha do vestuário pode ser influenciada por seu estado emocional, o clima ou ocasiões especiais, refletindo suas preferências pessoais e o contexto de seu dia.
Essas decisões autônomas não são apenas sobre a execução de tarefas; são expressões de identidade e autogestão. Uma pessoa autônoma tem o poder de moldar seu dia e, em extensão, sua vida, através das escolhas cotidianas que faz, levando em conta tanto suas necessidades imediatas quanto suas metas a longo prazo. Essa capacidade de escolhas é o que distingue a autonomia da independência. Enquanto a independência permite a realização de tarefas sem ajuda externa, a autonomia enriquece essa capacidade com a liberdade de escolher e decidir o próprio curso de ação, tornando a vida mais alinhada com os desejos e necessidades pessoais.
Cultivando Independência e Autonomia na Formare:
Na Clínica Formare, nosso plano de ensino terapêutico, fundamentado na ciência da análise do comportamento aplicada, é direcionado para a construção tanto da independência quanto da autonomia. Através de nosso tratamento personalizado, ensinamos nossos clientes a habilidade de tomada de decisões— desde escolher com quem interagir socialmente até decidir sobre suas refeições e atividades. Essa habilidade é crucial para desenvolver não só a capacidade de realizar tarefas sozinho, mas também a liberdade de escolher e de lidar com as consequências dessas escolhas.
Promovendo a Autonomia em Todas as Facetas da Vida:
verdadeira autonomia afeta todas as áreas da vida, desde interações sociais até decisões relacionadas ao trabalho e lazer. No contexto terapêutico, a autonomia não é apenas um objetivo para os indivíduos com condições neurodivergentes; é um direito. Na Formare, trabalhamos para garantir que cada pessoa tenha a oportunidade de exercer esse direito plenamente, contribuindo para uma sociedade onde cada membro possa viver de acordo com suas próprias escolhas e preferências.
Para explorar mais sobre como a Clínica Formare pode auxiliar você ou seu familiar a desenvolver maior independência e autonomia, assista ao nosso vídeo no YouTube Autonomia e Independência para Jovens e Adultos TEA, para descobrir as estratégias eficazes de autonomia que implementamos em nossos tratamentos.
Conclusão:
Autonomia e independência são fundamentais para a qualidade de vida. Na Clínica Formare, nos dedicamos a preparar nossos clientes com as habilidades necessárias para alcançar ambas, permitindo-lhes viver vidas mais plenas e autônomas. Através de intervenções personalizadas e um compromisso com a excelência terapêutica, reforçamos não só a independência, mas também a capacidade de nossos clientes de fazerem suas próprias escolhas—o verdadeiro significado de autonomia.
REFERÊNCIAS:
SELLA, A. C.; RIBEIRO, D.M. Análise do Comportamento Aplicada ao Transtorno do Espectro Autista. Curitiba: Appris, 2018
FREIRE, Paulo . Pedagogia da autonomia: saberes necessários a prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2004
Quem escreve
Silvia Marinho
Sócia-Diretora e Terapeuta Ocupacional
Caroline Luiza Coelho
Psicóloga Supervisora da Clínica Formare
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