Histórias Sociais no autismo

O mundo pode parecer um labirinto de regras não escritas e situações imprevisíveis, especialmente para pessoas autistas. A dificuldade em interpretar sinais sociais sutis, compreender perspectivas alheias ou antecipar eventos pode gerar ansiedade e insegurança em momentos que, para outros, parecem simples. Mas e se pudéssemos oferecer um mapa? Uma forma clara e estruturada de explicar essas situações, trazendo mais conforto e previsibilidade? É exatamente essa a proposta das Histórias Sociais, ferramentas valiosas criadas para facilitar o caminho das interações sociais e das tarefas do dia a dia.

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Por que Histórias Sociais são Importantes no TEA?

Pessoas autistas (TEA) frequentemente processam informações de maneira distinta e podem apresentar rigidez cognitiva. Isso significa que compreender normas sociais implícitas – como iniciar uma conversa, esperar a vez ou entender o tom de voz de alguém – pode ser um desafio real. Muitas vezes, comportamentos que surgem dessas dificuldades são interpretados erroneamente como desinteresse ou desobediência.

As Histórias Sociais, desenvolvidas pela pesquisadora Carol Gray, entram como um recurso fundamental nesse cenário. Elas não buscam “corrigir” ou forçar um encaixe, mas sim oferecer uma estrutura acessível para que a pessoa compreenda melhor o que esperar em diferentes contextos, quem estará envolvido, o que é esperado dela e por quê. O foco é sempre promover a segurança, a confiança e, consequentemente, a autonomia e independência.

Como as Histórias Sociais Ajudam na Prática?

A aplicabilidade das Histórias Sociais é vasta e adaptável às necessidades individuais. Elas podem ser usadas para:

  • Antecipar eventos novos ou estressantes: preparar a pessoa para consultas médicas, idas ao dentista, viagens, festas de aniversário ou qualquer mudança na rotina.
  • Ensinar habilidades sociais e emocionais: explicar passo a passo como cumprimentar alguém, pedir ajuda, compartilhar brinquedos, lidar com a frustração ou resolver um conflito simples.
  • Apoiar a regulação emocional: ajudar a pessoa a reconhecer e nomear seus sentimentos e a encontrar estratégias para lidar com emoções intensas, como raiva ou medo.
  • Facilitar a adaptação a novos ambientes: explicar as regras de um novo local, como a sala de aula, a casa de um parente ou um parque.
  • Melhorar a comunicação: oferecer scripts ou modelos de como iniciar ou responder em interações sociais.

Criando sua Própria História Social: Um Guia Passo a Passo

  1. Defina o Objetivo: qual situação específica precisa ser trabalhada? (Ex.: “Entender como esperar a vez no escorregador”.)
  2. Use Linguagem Simples e Direta: frases curtas, no presente e em primeira pessoa (ou terceira, dependendo de quem lê). Evite ambiguidades e termos abstratos. (Ex.: “Eu vou ao parque. No parque tem um escorregador. Às vezes, outras crianças querem brincar também.”)
  3. Explique Sentimentos e Perspectivas: descreva os possíveis sentimentos da pessoa e dos outros envolvidos. (Ex.: “Esperar pode ser chato. Mas quando eu espero, meus amigos ficam felizes. Depois é a minha vez de escorregar.”)
  4. Utilize Apoio Visual: inclua fotos reais da pessoa, desenhos simples, pictogramas ou figuras que ilustrem a situação. O visual ajuda muito na compreensão!
  5. Finalize com um Desfecho Positivo e Encorajador: reforce que a pessoa é capaz de lidar com a situação e o resultado positivo disso. (Ex.: “Quando todos esperam a sua vez, a brincadeira fica mais divertida para todos. Eu consigo esperar!”)

Dicas para Aplicar Histórias Sociais no Dia a Dia

  • Leia Antes: apresente a história para a pessoa alguns dias ou horas antes da situação ocorrer, lendo juntos em um momento calmo.
  • Reforce: retome as ideias principais da história em conversas ou momentos relevantes.
  • Adapte: observe a reação da pessoa. A história está clara? Precisa de mais ou menos detalhes? Mais imagens? Ajuste conforme necessário.
  • Combine com Reforço Positivo: elogie e reconheça quando a pessoa conseguir aplicar o que aprendeu na História Social.

As Histórias Sociais são mais do que simples narrativas; são pontes para a compreensão, ferramentas de empoderamento que reduzem a ansiedade e facilitam a participação social de pessoas neurodivergentes. Ao oferecer previsibilidade e clareza, elas abrem portas para um desenvolvimento mais tranquilo e para a conquista de maior autonomia e independência.

Na Clínica Formare, valorizamos estratégias individualizadas e baseadas em evidências. Apoiamos famílias, cuidadores e educadores na criação e aplicação de Histórias Sociais eficazes, sempre respeitando a singularidade de cada pessoa.

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