Perceber comportamentos diferentes no dia a dia pode gerar dúvidas e isso é natural. Cada bebê segue seu próprio ritmo, mas quando determinados sinais se repetem e fogem ao típico para a idade, vale observar com atenção.
Embora o diagnóstico formal só seja realizado por médicos e geralmente após o primeiro ano, alguns sinais de risco para autismo podem aparecer ainda nos primeiros meses de vida. Reconhecê-los precocemente faz diferença para o desenvolvimento, já que a intervenção na primeira infância é altamente efetiva.
O autismo é uma condição do neurodesenvolvimento que afeta a forma como a pessoa percebe, se comunica e interage com o mundo. Nos primeiros meses, essas diferenças podem surgir de forma sutil, especialmente em comportamentos sociais, comunicativos e de atenção compartilhada.
Sinais que merecem atenção
Um sinal isolado não indica autismo. O que orienta a busca por avaliação é o conjunto, a frequência e a persistência desses comportamentos.
- Comunicação e contato visual
- Pouco ou nenhum contato visual durante interações;
- Falta de resposta ao nome;
- Pouca reação à voz dos pais;
- Ausência de gestos comunicativos (apontar, mostrar, acenar);
- Dificuldade em imitar expressões simples, como sorrir de volta.
- Interação social e atenção compartilhada
Bebês no espectro podem demonstrar menor iniciativa social, menos interesse em pessoas, menos trocas de sorriso, imitação ou busca por atenção do cuidador.
A ausência ou atraso de atenção compartilhada, olhar para o adulto para compartilhar algo é um dos marcadores mais significativos que podem ser observados.
- Brincadeiras e comportamentos repetitivos
- Interesse incomum por objetos giratórios ou luzes;
- Movimentos repetitivos;
- Brincadeiras restritas, como alinhar objetos;
- Pouca variação no brincar.
- Sensibilidade a estímulos
- Reações muito intensas ou discretas a sons, texturas, cheiros e luzes;
- Incômodo com ruídos do cotidiano ou pouca resposta a sons altos.
- Desenvolvimento da linguagem
- Ausência ou atraso de fala;
- Regressão de palavras;
- Pouca intenção comunicativa.
Atraso isolado não indica TEA, mas quando ocorre com sinais sociais, merece investigação.
Quando buscar avaliação?
Diretrizes internacionais recomendam rastreio entre 16 e 30 meses.
Se houver sinais persistentes, o ideal é buscar equipe especializada em neurodesenvolvimento.
A avaliação inclui:
- Observação comportamental;
- Entrevistas com pais, responsáveis e educadores;
- Aplicação de protocolos padronizados.
O diagnóstico é médico, mas a equipe interdisciplinar fornece informações essenciais sobre desenvolvimento e funcionalidade.
O papel da intervenção precoce
Quanto antes as diferenças são identificadas, melhores as probabilidades de desenvolvimento.
Intervenções interdisciplinares envolvem.
A abordagem interdisciplinar — psicologia, fonoaudiologia, terapia ocupacional, fisioterapia, psicopedagogia — está completamente alinhada com o que ambos os autores defendem.
Cada bebê é único
Nem todo atraso de fala, dificuldade de olhar ou preferência por brincadeiras solitárias indica autismo. Mas, se houver um conjunto de sinais que se repete com o tempo, a avaliação profissional é o caminho mais seguro.
O objetivo não é antecipar rótulos, e sim oferecer as melhores condições para o desenvolvimento integral da criança.
Identificar sinais precoces é um ato de cuidado. Com acompanhamento técnico e apoio familiar, é possível transformar dúvidas em caminhos de aprendizado, acolhimento e evolução.
Perguntas frequentes
Com quantos meses é possível identificar sinais de autismo?
Alguns sinais de risco podem ser percebidos antes dos 12 meses, especialmente relacionados à atenção compartilhada, responsividade social e comunicação não verbal.
Todo bebê com autismo apresenta atraso na fala?
Não.
O atraso de fala não é um marcador obrigatório de TEA.
Alguns bebês autistas apresentam desenvolvimento de fala típico, enquanto outros demonstram mais intenção comunicativa por gestos, expressões ou vocalizações atípicas.
Deve deve ser observado também a qualidade da comunicação social, e não apenas a fala.
Os sinais de autismo desaparecem com o tempo?
O autismo não desaparece, pois é uma condição do neurodesenvolvimento.
Porém, a intervenção precoce baseada em evidências pode gerar avanços significativos em comunicação, interação social, autonomia, independência e qualidade de vida.
O diagnóstico pode ser feito apenas pela observação dos pais?
Não.
A percepção familiar é extremamente importante e muitas vezes é o primeiro alerta.
Contudo, o diagnóstico deve ser realizado por médico qualificado, com base em avaliação interdisciplinar.
Pais observam sinais; profissionais identificam o quadro clínico.
Bebê com autismo dorme muito?
Alterações de sono são frequentes em crianças autistas, mas não existe um padrão único.
Alguns bebês podem dormir mais; outros apresentam despertares frequentes, dificuldade para iniciar o sono ou ciclos irregulares.
Se o bebê dorme excessivamente, parece cansado o tempo todo ou tem sono muito fragmentado, é importante investigar com pediatra e especialistas em neurodesenvolvimento.



